Psicologia do Desenvolvimento
1-O desenvolvimento
humano tem sido foco de muitos estudos em várias áreas da psicologia, sendo um
processo complexo e de constante evolução no ciclo da vida, com constantes
mudanças na estrutura, pensamento e comportamento. Essas mudanças resultam numa
reorganização interna, em estádios de desenvolvimento.
A psicologia do desenvolvimento é a área das
ciências humanas que se dedica ao estudo do desenvolvimento humano e em
particular ao da criança. Tem como objeto de estudo as etapas do ciclo de vida,
o seu desenvolvimento psicológico e biológico, e a interatividade entre o
sujeito e o meio que o rodeia.
Quando uma criança nasce chega ao mundo
com estruturas que lhe permitem ver, ouvir, saborear, cheirar e sentir o toque,
no entanto ainda se apresenta fisicamente imatura e dependente, sendo as suas
capacidades cognitivas limitadas.
Nos primeiros meses de vida as crianças
apresentam diversos reflexos combinados entre si, desta forma acredita-se que
esta atividade reflexa possui um valor adaptativo uma vez que permite a
sobrevivência do recém-nascido e à sua adaptação ao meio. Outra fase que
acontece nos primeiros anos de vida desenvolve múltiplas capacidades cognitivas
resultando da crescente curiosidade pelo meio e pela respetiva necessidade de
comunicação. Nesta faze de cognição a criança desenvolve esquemas mentais, tais
como a inteligência, a aprendizagem, a memória, a linguagem, os factos e os
conceitos.
Um dos primeiros autores a defender o
papel ativo do recém-nascido no processo de aprendizagem e no consequente
desenvolvimento cognitivo foi Jean Piaget. Piaget, considera que a criança é um
ser ativo e criativo na construção e interpretação da realidade e do
conhecimento, permitindo uma adaptação cada vez melhor ao ambiente que a
rodeia. O desenvolvimento cognitivo (desde o nascimento até aos 18-24 meses) é
o estádio sensoriomotor que depende da Inteligência sensório-motora e da perceção e atividade percetiva.
Nesta fase, a criança aprende acerca de si própria e do mundo através do
desenvolvimento da atividade sensorial e motora, sendo caraterizada por uma
inteligência prática aplicada à resolução de problemas, tais como, procurar um
brinquedo, atirar um objeto… Esta fase, é então uma inteligência anterior à
linguagem e ao pensamento que a potencia (perceção e movimento). A inteligência sensório-motor, através de seu próprio
funcionamento, propícia a organização do real ao construir as grandes
categorias da ação: os esquemas do objeto permanente, do espaço e do tempo, e
da causalidade.
Desta forma o esquema
sensório-motor está presente nas três fases de desenvolvimento das formas de
evolução cognitiva (nas formas iniciais que são constituídas por estruturas de
ritmos; nas formas posteriores que são constituídas por regulações diversas que
dependem de esquemas múltiplos; nas formas mais
desenvolvidas que abarcam um princípio de reversibilidade, origem das futuras
'operações' do pensamento, mas já presentes no nível sensório-motor).
A existência de um meio com
necessidade de ação e interação, provocam nas crianças que nele habitam um
desenvolvimento psicossocial. Simultaneamente com a interação com o meio e de
forma gradual e progressiva a criança começa a compreender o seu género sexual e
o dos outros. O meio em que a criança está envolvida também provoca o
desenvolvimento da sua personalidade e o processo de vinculação entre a criança
outro individuo que lhe é próximo. O desenvolvimento psicossocial depende de
sentimentos de confiança e de desconfiança (do nascimento aos 18 meses) e por
crises de autonomia em relação a dúvida e vergonha (dos 18 meses aos 3 anos).
Enquanto educador, gostaria
de trabalhar com crianças na faixa etária entre os 0 meses e os 2 anos, porque
é a faixa etária correspondente ao período sensoriomotor de Piaget. Nesta faixa
etária podemos recorrer a diversos testes com vista a construir a noção de
objeto permanente na criança (aos 18 meses), onde por exemplo ao tapar um
brinquedo com uma fralda, será de esperar que se a criança adquira a noção de
objeto perceba que o objeto foi escondido e não comece a chorar. Verificar se a
criança possui capacidades de agarrar e puxar um brinquedo. Estimular a
linguagem entre os 10 e 14 meses.
Em suma é de esperar que o
desenvolvimento da criança se realize por etapas consecutivas onde em todas
elas exista a capacidade de adaptação por parte das mesmas.