Psicologia do Desenvolvimento
A
psicologia do desenvolvimento tem por base o estudo da forma como nos
desenvolvemos ao longo da vida e analisa as mudanças qualitativas e quantitativas
presentes ao longo da mesma. Desta feita, é de grande importância estudar e
sobretudo compreender a forma como o comportamento e os processos se alteram ao
longo da vida. Como exemplo, existem os fatores físicos, biológicos,
cognitivos, afetivos e sociais, que são capazes de influenciam as várias fases
do crescimento e do desenvolvimento, que sofrem do tempo de vida de todo o processo de
desenvolvimento, ou seja, ao longo de toda a vida, ou seja o desenvolvimento,
não ocorre apenas na idade juvenil, não é estático1. Assim sendo, a
psicologia do desenvolvimento atua na área de conhecimento onde de acordo com
Piaget, a construção do desenvolvimento mental ocorre através do meio, e todo o
conhecimento se inicia com um ponto anterior, ou seja, é a interação com o meio
que permite construir um conhecimento levando em consideração todo o
conhecimento anterior adquirido. Para Piaget qualquer indivíduo aprende com a
interação com o outro, destacando a interação entre parceiros e a maturação,
pois é diante da interação que o indivíduo desenvolve a sua inteligência e se
apropria de conhecimentos de sua herança social, ou seja, de acordo com o meio
em que vive desenvolve novas perceções e interage aprendendo. No episódio de
interação entre crianças, há um confronto e perspetivas de desordem na
resolução de um problema. Ou seja, este conflito implica em um processo de
reorganização cognitiva do indivíduo. Para o psicólogo Lev Semenovitch Vygotsky, a cultura é um elemento constituinte do desenvolvimento
do ser humano, ou seja, o seu desenvolvimento se relaciona ao meio e a
interação da cultura que vivencia, o mesmo atribui a interação social como um papel
constitutivo para construir conhecimentos superiores, assim uma criança que não
possui interação com estruturas cognitivas mais exigentes dificilmente irá
desenvolver tais habilidades.
Desta forma, o ser humano ao captar os estímulos que obtém do meio
ambiente e com o capital hereditário que possui, vai-se acomodando ao mundo. A interação
que se estabelece entre o nosso interior e o exterior vai consolidando as
aprendizagens e construindo a nossa identidade, por vezes de forma progressiva
e acumulativa, onde a quantidade de estímulos é importante para a
transformação. Também essas mudanças se podem dar de forma descontinuada em
que, as ações deem origem a formas de agir, pensar e sentir diferentes e onde a
“diferença” seja apreendida de modo qualitativo.
Então, não apenas a personalidade, mas como também a
Educação, deverá ser também alvo de investigação, sobre a sua evolução, por forma
a conseguir-se uma construção contínua da pessoa humana, do seu saber e das
suas aptidões. A evolução rápida da sociedade alargou o conceito da educação
muito para além do designado por período escolar, uma vez que este período é
insuficiente e sobretudo porque deve haver uma atualização contínua dos
conhecimentos. Esta educação contínua permite ao ser humano desenvolver a
consciência de si próprio e do meio que o envolve para que possa desta forma desempenhar
o papel social que lhe cabe no mundo do trabalho e na comunidade. Quando se
utiliza o termo educação, é necessário ter em conta, que este termo não deve
ser restringido apenas aos conhecimentos e conteúdos académicos, mas sim a
todas as convivências adquiridas com a aprendizagem com os outros que possam
colmatar em aprendizagem e consequentemente em educação3. A educação
deverá ser responsável por despertar a curiosidade, desenvolver a autonomia e
estimular o rigor intelectual de modo a que se criarem condições para saber
aprender a aprender. Sendo, uma das condições principais para que se possa efetivar
uma educação ao longo de toda a vida é ter gosto por aprender. Desde os
primeiros contactos com o mundo devemos proporcionar estas condições, porque quanto
mais se sabe mais se gosta de saber e isso nos proporciona uma confiança,
tranquilidade e segurança, proporcionando-nos uma melhor qualidade de vida.
Olhando agora para a fase mais conhecida da educação,
educação escolar, no decorrer do último século, existiu o aparecimento de três
grandes conjuntos de teorias psicológicas, que
vêm refletir a maneira como os psicólogos vêm o papel da escola no
desenvolvimento humano.
Para
alguns a escola constitui um lugar de excelência, que por sua vez é capaz de
reunir bastantes crianças com diferentes característica no mesmo espaço, ou
seja, a escola possui um lugar privilegiado, é neste campo que se inserem as
conceções behavioristas e piagetianas. Uma outra conceção (conceção de Vygotsy),
já acima referida, encara a psicologia do desenvolvimento e a Educação, como um
trabalho realizado dentro das salas de aula no processo ensino-aprendizagem,
favorecendo o desenvolvimento psicológico em aspetos sociais, afetivos e
cognitivos.
A última conceção que correlaciona a psicologia do
desenvolvimento e a Educação, defende que a escola não é um elemento decisivo
para o desenvolvimento psicológico, podendo até mesmo atrapalhá-lo. Inserem-se
claramente dentro desta conceção as críticas de Rogers que ele denomina de
escola tradicional e algumas vertentes da psicanálise4. É devido à
estas diferentes capacidades de avaliar a psicologia do desenvolvimento e a
educação que surgem três grupos de teorias psicológicas aplicadas ao ensino, o
behaviorismo, o cognitivismo e o humanismo.
A
teoria do behaviorismo constitui uma tentativa de compreender o comportamento
em termos das relações entre os estímulos observáveis (meio ambiente) e
respostas observáveis (ações comportamentais) e (teoria do comportamento
utilizando animais e seres humanos nas suas espectativas). Esta teoria estimulou
o aparecimento de uma tecnologia educacional que desenvolveu um conjunto
variado de instrumentos para auxiliar o professor a resolver os múltiplos
problemas de sala de aula. De acordo com o behaviorismo, e segundo Mizukami
(1986)5 no ensino-aprendizagem os comportamentos dos alunos são adquiridos
e mantidos por condicionamentos, reforço, e punições, tais como, elogios, graus,
classificações, prestigio, vantagens da futura profissão, aprovação final do
curso, estatuto social… Aqui, o professor é considerado o transmissor de
informação e conhecimento ao aluno, sendo responsável por programar e
estruturar as condições de transmissão desse conteúdo5.
A
conceção cognitivista enfatiza os processos internos através dos quais o mundo
exterior é representado dentro do organismo. Nesta teoria, na qual se destacou
Piaget, o conceito de educação apropriada ao desenvolvimento, isto é, uma
educação em que os meios, os currículos, os materiais e os ensino, são adaptado
aos estudantes e às suas capacidade físicas e cognitivas e às suas necessidades
sociais e emocionais. O psiquismo humano passou a ser visto como um organismo
recetor, emissor e tratador de informação, e que, portanto, possui
processamentos que apresentam características específicas suscetíveis e serem
explicadas e preditas. Desta feita, a psicologia cognitiva identifica o
individuo como um sistema ativo no seu ambiente, e no ambiente de
inter-relacionamento professor-aluno em especial, sistema este que possui
mecanismo de autorregulação e de retroação tipicamente cibernéticos, que podem
inclusive apresentar défices nestes mecanismos e naqueles de tratamento da
informação5.
Finalmente
a teoria humanista, analisa fundamentalmente os aspetos afetivos da
aprendizagem.
Nesta teoria, o objeto central serão os aspetos
não-cognitivos, onde o ser humano é visto como possuindo um potencial a ser
desenvolvido, com uma natureza que tende naturalmente para a autorrealização desde
que possa desenvolver-se em ambiente não-punitivo e não restritivo4. De acordo com Carl Rogers, a pessoa deverá ser
valorizada, detentora de um potencial de crescimento pessoal, com capacidade
para se desenvolver numa busca contínua de autorrealização e autoestima.
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