segunda-feira, 11 de maio de 2015

Conhecimento do Mundo Social e da Vida

     Fala-se de globalização diariamente, a propósito da internet, dos problemas do desemprego e da exclusão social, dos novos fluxos migratórios, da crise das culturas nacionais e da forma como circula a informação relativamente às novas descobertas tecnológicas e científicas. A globalização na sua vertente económica, tem contribuído substancialmente para tornar os ricos mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, agravando assim, os níveis de exclusão social, e aumentando o desemprego a longo prazo. A globalização é também uma dimensão comunicacional, cientifica, cultural e tecnológica, onde se encontram aspetos bastante positivos e estimulantes para o futuro humanista. É graças a tudo isto que hoje em dia é tão fácil comunicar independentemente das distâncias. O próprio terrorismo tira partido da globalização, recorrendo aos mais sofisticados meios tecnológicos e financeiros.  Segundo Castells, “o tempo das nossas vidas é persistentemente acelerado pela tecnologia […] os países do Terceiro Mundo não precisam de tecnologia mas da satisfação das suas necessidades humanas, as crianças são cada vez mais ignorantes porque estão sempre a conversar e a trocar mensagens em vez de lerem livros, ninguém sabe quem é quem na Internet, a eficiência no trabalho é sustentada em tecnologia que não depende da experiência humana, o crime e a violência, e até o terrorismo, usam a Internet como um médium privilegiado, e nós estamos rapidamente a perder a magia do toque humano.”
Existe uma competição “selvagem” que lança a desordem nos mercados e nos sistemas económicos nacionais deixando os mais fracos nas mãos dos mais fortes, que financeiramente, não têm sentimentos, solidariedades ou afectos. Esta desregulamentação e desregulação aceleram o processo de globalização económico, contudo tem consequências negativas e perigosas para o futuro democrático e económico nacional. Uma das contradições evidentes da nossa época consiste no vigor com que os direitos humanos entram no discurso contemporâneo como contrapartida natural da globalização, enquanto a realidade se revela tão diferente. A globalização dos anos 90, centrada no mercado, na informação e na tecnologia atingida em quase todos os países, atinge pouco mais de um terço da população mundial. Os dois terços restantes sentem apenas os seus reflexos negativos.
As características da globalização deste fim de século são bastante conhecidas, tal como os seus efeitos colaterais. A busca obsessiva da eficiência faz aumentar continuamente o número de marginalizados por ela, inclusivé nos países desenvolvidos. Para Castells,“ […] quanto mais desenvolvemos a elevada produtividade, os sistemas de inovação da produção e da organização social, menos precisamos de uma parte substancial de população marginal, e mais difícil se torna para esta população acompanhar esse desenvolvimento.”
O estado antes portador de mensagens idealmente igualitárias e emancipatórias, no socialismo e no liberalismo, além de garantidor confiável da convivência social torna-se, pós-modernamente, simples gestor da competitividade económica, interna e internacional, sem sentido de progresso humano, a política desacreditada porque é ineficaz, passa a ser vista com maus olhos, pois obriga a distorções deliberadas ou involuntárias, assim como possibilidade de corrupção. De acordo com Castells,“As razões para a não existência de um governo global, que muito provavelmente não existirá num futuro previsível, estão enraizadas na inércia histórica das instituições, e nos interesses sociais e valores imbuídos nessas mesmas instituições.”
 A sociedade em rede não constitui um aspecto futuro, mas sim, algo que devemos alcançar de forma progressista com a utilização das novas tecnologias, sem pôr em causa a dignidade da sociedade. 
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