Conhecimento
do Mundo Social e da Vida
Fala-se de globalização diariamente, a
propósito da internet, dos problemas do desemprego e da exclusão social, dos
novos fluxos migratórios, da crise das culturas nacionais e da forma como
circula a informação relativamente às novas descobertas tecnológicas e científicas.
A globalização na sua vertente económica, tem contribuído substancialmente para
tornar os ricos mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, agravando assim,
os níveis de exclusão social, e aumentando o desemprego a longo prazo. A globalização
é também uma dimensão comunicacional, cientifica, cultural e tecnológica, onde
se encontram aspetos bastante positivos e estimulantes para o futuro humanista.
É graças a tudo isto que hoje em dia é tão fácil comunicar independentemente
das distâncias. O próprio terrorismo tira partido da globalização, recorrendo
aos mais sofisticados meios tecnológicos e financeiros. Segundo
Castells, “o
tempo das nossas vidas é persistentemente acelerado pela tecnologia […] os
países do Terceiro Mundo não precisam de tecnologia mas da satisfação das suas
necessidades humanas, as crianças são cada vez mais ignorantes porque estão
sempre a conversar e a trocar mensagens em vez de lerem livros, ninguém sabe
quem é quem na Internet, a eficiência no trabalho é sustentada em tecnologia
que não depende da experiência humana, o crime e a violência, e até o
terrorismo, usam a Internet como um médium privilegiado, e nós estamos
rapidamente a perder a magia do toque humano.”
Existe uma competição “selvagem” que lança a desordem nos
mercados e nos sistemas económicos nacionais deixando os mais fracos nas mãos
dos mais fortes, que financeiramente, não têm sentimentos, solidariedades ou afectos.
Esta desregulamentação e desregulação aceleram o processo de globalização
económico, contudo tem consequências negativas e perigosas para o futuro
democrático e económico nacional. Uma das contradições evidentes da nossa época
consiste no vigor com que os direitos humanos entram no discurso contemporâneo
como contrapartida natural da globalização, enquanto a realidade se revela tão
diferente. A globalização dos anos 90, centrada no mercado, na informação e na
tecnologia atingida em quase todos os países, atinge pouco mais de um terço da
população mundial. Os dois terços restantes sentem apenas os seus reflexos
negativos.
As características da globalização deste fim de século são
bastante conhecidas, tal como os seus efeitos colaterais. A busca obsessiva da
eficiência faz aumentar continuamente o número de marginalizados por ela, inclusivé
nos países desenvolvidos. Para Castells,“
[…] quanto mais desenvolvemos a elevada produtividade, os sistemas de inovação
da produção e da organização social, menos precisamos de uma parte substancial
de população marginal, e mais difícil se torna para esta população acompanhar
esse desenvolvimento.”
O estado antes portador de mensagens idealmente igualitárias
e emancipatórias, no socialismo e no liberalismo, além de garantidor confiável
da convivência social torna-se, pós-modernamente, simples gestor da
competitividade económica, interna e internacional, sem sentido de progresso
humano, a política desacreditada porque é ineficaz, passa a ser vista com maus
olhos, pois obriga a distorções deliberadas ou involuntárias, assim como
possibilidade de corrupção. De acordo com Castells,“As razões para a não existência de um governo global, que muito
provavelmente não existirá num futuro previsível, estão enraizadas na inércia
histórica das instituições, e nos interesses sociais e valores imbuídos nessas
mesmas instituições.”
A sociedade em rede não
constitui um aspecto futuro, mas sim, algo que devemos alcançar de forma
progressista com a utilização das novas tecnologias, sem pôr em causa a
dignidade da sociedade.
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